sábado, 29 de dezembro de 2012

Melhores filmes que vi em 2012

2012 foi um ano de grandes filmes para mim. Resolvi que me dedicaria a ver aqueles clássicos "obrigatórios" e acompanhar a filmografia de cineastas que gosto. Cabe uma confissão de que eu não tinha paciência para filmes antigos ou mais introspectivos, mas isso mudou muito ao longo do ano. Preconceitos desfeitos e deixados onde pertencem, bem longe.

A proposta inicial foi cumprida quase que integralmente. Integralmente, neste caso, em meu conceito ingênuo e amador, afinal classificações são e sempre serão estritamente pessoais.
Faltaram alguns dos que eu queria ver porque ou não tinha o filme em mãos no momento que me deu vontade de vê-lo ou não consegui cópia ou simplesmente perdi o interesse por ora.
Através de tantas histórias incríveis aprendi a ver os filmes de maneira diferente, a prestar atenção em detalhes mas, mais importante, aprendi que o bom cinema se faz em qualquer parte do mundo.

Metódico que sou passei a anotar todos os títulos vistos, assim como fiz com as séries, quadrinhos e livros. Apesar de parecer insano em um primeiro momento, isso me ajudou a ver que o ano foi bem proveitoso, não cabendo reclamação de que não fiz nada.

Foram, ao todo, 286 filmes vistos. Entre eles alguns revistos. Mas a parte difícil estaria por vir, fazer um top 10 dos inéditos para mim. Cheguei aos primeiros 50 com uma dor tremenda no peito, já que pelo menos metade de todos os filmes poderiam facilmente figurar entre os 50 e cada um com justificativa plausível para tal. Precisei elaborar regras tolas a fim de justificar a entrada de um título e não de outro. Com lágrimas nos olhos deixei filmes que me marcaram ao longo do ano e escolhi aqueles que mudaram meu conceito sobre a sétima arte e estarão ou estão em minha estante e em meu coração.

As escolhas foram puramente passional, sem critérios críticos, afinal ainda não sei analisar um filme tão friamente, e escolhendo títulos de épocas diferentes, mesmo parecendo injusto. A lista não segue ordem de preferência, mas alfabética, seria sacrfício demais.

TOP 10



AMORES BRUTOS
Quem disse que tudo termina bem? Iñarritu nos oferece uma visão realista, dura e angustiante de vários personagens e isso te prende na cadeira, mesmo desconfortavelmente.


CASABLANCA
Um dos responsáveis por mudar minha opinião a cerca dos filmes "velhos". Diálogos bem escritos e uma história de amor reprimida. A cena "Play it Sam" merece ser vista e revista várias vezes.

INCÊNDIOS
Filme que vai construindo sua história aos poucos, e de forma que você pensa que tudo vai acabar mal e ninguém será pego a situação se torna pior ainda no fim.

INTOCÁVEIS
Um queria ser tratado sem frescuras, o outro queria ser somente ele mesmo. Diferente dos olhares preconceituosos que dominam parte do povo francês para com os imigrantes a história dos dois "malucos" é apaixonante e hilária.

LUZES DA CIDADE
Chaplin, através de seu Vagabundo, nos oferece um olhar sobre o amor e nos mostra, afinal, que ninguém é tão pobre que não tem nada para oferecer. Um pouco para nós pode se tornar a salvação do outro. Lágrimas só de lembrar da cena antológica da floricultura.

O FABULOSO DESTINO DE AMELIE POULAIN
Filme lindo, engraçado e apaixonante. Amelie consegue, através de pequenos atos, transformar a vida de muitos que apenas existiam, trazendo significado para voltarem a viver. Daqueles que te fazem rir mesmo nos momentos sérios.

O PODEROSO CHEFÃO PARTE 2
É claro que o primeiro filme da trilogia é um dos grandes marcos da história do cinema, mas esta parte 2 me mostrou que Coppola podia melhorar ainda mais, e conseguiu. Gosto mais porque se consegue ver como o Padrinho chegou onde chegou e até onde o respeito pela figura ia.

QUANTO MAIS QUENTE MELHOR
Não só uma das melhores comédias do ano mas de todos os tempos. As enrascadas que os dois se metem são engraçadíssimas. Os atores estão muito bem e mostra porque Marilyn Monroe se tornou a estrela máxima do cinema.

RASHOMON
O principal responsável por eu ter visto tantos filmes antigos este ano. Kurosawa dá uma aula de cinema e consegue, através de técnicas inèditas à época, filmar a chuva e no meio da floresta fechada. A história de assassinato, ou seria suicídio, contada a partir de cinco pontos de vista diferentes te deixa com um ponto de interrogação enorme ao final.

TAXI DRIVER
Na segunda vez que vi o filme consegue entender porque Taxi Driver é um dos grandes filmes da história. A jornada de De Niro ao inferno e seu retorno e toda a mudança de sua personalidade são só o começo para ver este obra prima.


CINEASTAS MAIS VISTOS
Woody Allen - 8 filmes
Stanley Kubrick - 7 filmes
Spielberg - 6 filmes
Martin Scorsese, Alfred Hitchcock e Roman Polanski - 5 filmes cada

COMO OS FILMES FORAM VISTOS
Download - 175
Blu-ray/DVD - 43
Netflix - 36
TV - 19
Cinema - 13

PAÍSES COM MAIOR NÚMERO DE FILMES
EUA - 184
França - 26
Rússia - 21
Itália - 9

Planilha completa:
https://docs.google.com/spreadsheet/ccc?key=0Arr88r6AdINadHVEaGU5YnhGaHF2ZTc2aDdfcUprNWc

Ufa...e que venha 2013 com tantas surpresas boas quanto este ano que está para terminar.

domingo, 14 de outubro de 2012

12 Homens, Uma Sentença e muitas versões


O clássico 12 homens e uma sentença. de Sidney Lumet, inspirou, de acordo com o www.imdb.com, cinco releituras para TV e outra para cinema http://www.imdb.com/title/tt0488478/trivia?tab=mc
Falarei sobre a versão original, o remake americano para TV produzido em 1997 e a versão russa 12, de 2007.

A premissa para as três versões é a mesma. Um jovem é acusado de assassinato e um júri de doze homens precisa chegar a uma decisão unânime, seja culpado ou inocente.
Desde o início onze dos doze jurados estão convictos da culpa do rapaz, e passam a atacar o único que se opõe, sendo que sua decisão de não culpar o jovem, ao menos não sem antes debaterem, leva a todos a ficarem isolados na sala pelo tempo que for necessário.
Percebe-se claramente que suas opiniões iniciais foram levadas pelo preconceito - latinos, no caso americano, e chechenos, na versão russa - e falta de opinião própria. Ao ouvirem as versões dos advogados de acusação e de defesa, foram passionais e não analisaram os principais fatos, como os relatos das testemunhas.
Conforme o filme transcorre, os jurados vão discutindo e mudando de opinião. O jurado número 8, papel de Henry Fonda na versão original, não alega que ele é inocente, mas quer ter certeza antes de tomar sua decisão. Com sua moral, afinal ele não quer mandar para a cadeia um suposto inocente, e seu poder de persuasão ele traz os jurados para seu lado.
Os filmes mantém o clima de dúvida até o final, com o veredito. Mesmo com a descrença acerca das testemunhas o jovem pode ser culpado, mas isso é pano para outras discussões.

VERSÂO ORIGINAL DE 1957
12 homens e uma sentença foi o primeiro longa metragem de Sidney Lumet, e virou um marco para os filmes de tribunal. Lumet viria a produzir mais 42 longas para o cinema, além de séries televisivas.
Ganha força pelo ineditismo da produção, mesmo sendo baseada em uma peça de teatro, e pelo elenco afiado. Henry Fonda demonstra força e carisma, sendo verossímil a mudança de lado dos outros jurados.
Sendo o preconceito racial muito forte nos EUA à época da produção, apesar de ainda existir, penso que o choque tenha sido grande para os jurados. Ele era latino, portanto, assassino.
Esta é a versão mais intimista, mais claustrofóbica, quase sentimos o calor do dia mais quente do ano em Nova Iorque. As expressões facias são fortes e cheias de ódio.

VERSÂO PARA TV AMERICANA DE 1997
Falar de remakes é sempre difícil, especialmente quando temos um carinho pela versão original. 12 homens e uma sentença é um filme que me marcou muito. Assistindo-o pela primeira vez alguns anos atrás percebi quão geniais filmes PB poderiam ser. Olha só, o filme acabando com mais um preconceito. E este remake apenas aumentou o apreço que tenho pela original.
William Friedkin, do cultuado O Exorcista e do excelente Operação França, revisita o clássico de Lumet, e somente isso. Não há nada de novo, além dos atores. A história é exatamente a mesma. A sala, a mesma. O mesmo dia mais quente do ano. A diferença substancial é que os atores não têm o mesmo carisma, o mesmo poder de persuasão. Não dá para acreditar que mudaram de opinião com aquelas atuações ou seja, não me convenceram. Friedkin parece apenas querer apresentar a história para o público jovem.

VERSÂO RUSSA de 2007
50 anos depois, com uma fotografia belíssima, tomadas de câmeras diferentes, novos cenários e a inserção de elementos inéditos, esta é minha versão favorita.
O diretor Nikita Mikhalkov havia assistido a peça e ficou com a história martelando por décadas, até sua produção em 2007. O filme concorreu ao oscar como Melhor Filme Estrangeiro, mas acabou perdendo para o também maravilhoso Os Falsários, da Austrália. Sobre isso, talvez os americanos não queriam premiar um remake de um clássico deles.
O jovem suposto assassino é um Checheno, portanto estrangeiro na Rússia, e acusado de assassinato em um bairro que cresce por conta da construção de novos prédios. Esta é das pequenas diferenças para o original. Outra é que esta se passa num ginásio escolar.
Temos diversas tomadas exteriores, inclusive apresentando o jovem acusado para nós; esse mesmo jovem em sua cela e um cachorro correndo na chuva, que aparece em alguns momentos do filme, aparentando não ter qualquer ligação com a história, será? No fim do texto há uma explicação do diretor para a presença dele.
Esta versão é sim uma homenagem, das mais grandiosas. O diretor faz sua própria versão, com elementos culturais muito fortes. talvez não tão fortes quanto para eles, impregnados na história recente de seu país. Ainda acerca da homenagem, em dado momento eles citam o código penal americano a fim de justificar a necessidade de unanimidade para condenação ou absolvição do jovem, já que por lá uma maioria seria suficiente.
Os atores estão excelentes, sendo convincentes em suas opiniões e contundentes quando precisam mudar. De quando em quando um dos jurados pega para falar de forma muito pessoal, enquanto os outros apenas ouvem atentamente, como se um desabafo. Esse é um dos pontos mais significativos para mim, e que torna o filme muito passional.
Mas a grande diferença ainda está por vir e envolve o veredito final, com uma solução passível de muito argumento, sobre isso, deixo para quem se interessar em ver este belíssimo trabalho.

Sobre o cachorro, somente fará sentido a quem assistir o filme:
"Acho que a principal mensagem do filme é que se não ouvirmos uns aos outros, não só ouvirmos mas realmente prestarmos atenção uns aos outros, não há dinheiro, ou diamante que irá nos salvar do cachorro retirando partes do nosso corpo. Precisamos aprender a ouvir uns aos outros"

quinta-feira, 7 de junho de 2012

O Homem Elefante


O Homem Elefante
Título Original: Elephant Man
Diretor: David Lynch
Ano: 1980
País de Origem: EUA / Reino Unido


John Merrick (John Hurt) tem o corpo todo deformado por conta de diversos tumores. Ele é conhecido como Homem Elefante e é atração no circo de horrores, mas o dr. Frederick Treves (Anthony Hopkins) vê um homem por trás da deformidade.


O que David Lynch nos apresenta é um mundo real, uma doença real e preconceitos reais. Tal qual O Corcunda de Notredame, John Merrick é humilhado em público, é rejeitado e causa pavores à muitas pessoas. É alvo da ganância de seu dono, como o homem do circo de horrores se auto-denomina, e de um funcionário do hospital, que, à noite, leva pessoas para visitar a atração em seu quarto.


É um retrato cruel da nossa sociedade, onde o estranho, o incomum, o diferente é tratado com desrespeito e sem dignidade, como se tivéssemos qualquer direito sobre quem quer que seja.


No meio de tanto preconceito e maldade há espaço para gente cheia de desejo de, se não ajudá-lo, tratá-lo como ser humano. Ele é presenteado com fotografias, livros e diversos outros itens, que ele não hesita em deixar em um "lugar de honra", suas palavras.


Um homem que tem como único desejo se deitar e dormir como todo mundo, não pode por causa do enorme tumor em sua cabeça. Um homem que não espera a cura, quer apenas viver tranquilamente, já que todo o restante de uma vida ordinária, trabalho, amor, filhos, lhe é negado desde o berço.


Temas apresentados: Amizade, compaixão, paradigmas, preconceitos, ganância.